sábado, 28 de junho de 2008

Interpretação do rótulo de Vinho

Lindos, tradicionais, antigos, modernos, em papel ou metal: é uma infinidade tão grande de rótulos disponíveis no mercado que as prateleiras de lojas especializadas se tornaram verdadeiras galerias de arte. A necessidade de conquistar o consumidor em um momento tão competitivo têm trazido à tona a criatividade de publicitários e produtores de vinho, sempre buscando encantar. Mas, entre tantas opções, quais as informações o apreciador deve realmente saber na hora da compra de um vinho? Além da marca, país e graduação alcoólica o que mais se pode conferir? Vamos separar genericamente em dois grupos: Velho Mundo, compreendendo países europeus, e o Novo Mundo, sendo as Américas, África e Oceania.
A tradição impera no Velho Mundo, em geral colocam no rótulo apenas a DO - Denominação de Origem, que é a região de procedência e a classificação do vinhedo.
Quanto mais específico for, mais caro e especial o vinho tende a ser. Na visão européia, o tipo de uva é parte do terroir; se o apreciador conhece a região, presume-se que conhece a variedade, informação que dificilmente aparece nos rótulos de lá. São exemplos: um Bourgogne é sempre da uva Pinot Noir, um Chablis é Chardonnay, um Barolo é da uva Nebbiolo.
Outra informação importante é que muitos dos vinhos de Denominação de Origem é assemblage - mistura de varietais. Um Bordeaux, por exemplo, pode ter Cabernet Sauvignon, Merlot, Malbec, Petit Verdot ou Cabernet Franc na sua composição; para saber os percentuais, há que estudar cada comuna, afinal em Pomerol predomina Merlot, e lá está um dos vinhos mais caros do mundo, o Chateau Petrus. No Douro, onde nasce o vinho do Porto, permite-se o cultivo de mais de vinte variedades. Para um Chateauneuf-du-Pape, são treze variedades, entre tintas e brancas. No Novo Mundo, nos anos setenta, os Estados Unidos são o primeiro país a especificar no rótulo o tipo de uva, lançando a moda da internacional Cabernet Sauvignon.
O consumidor passa a saber o que está dentro da garrafa. Hoje é comum encontrar, além do nome da região, também o tipo da uva, facilitando a escolha. No Velho Mundo, especificamente na Espanha, as classificações Reserva e Gran Reserva são regulamentadas, neste caso se referindo a tempo de armazenamento nas barricas e adegas. Já no Novo Mundo, as classificações Reserva, Gran Reserva, Seleção, Special Selection não são determinantes obrigatórios de qualidade, afinal não são controladas por lei, sendo utilizadas a critério de cada vinícola; para confiar, sugere-se que o apreciador conheça o produtor.
A palavra “Reservado” é também controversa, pois trata-se da categoria mais simples do vinho chileno. Também aparecem “Single Vineyard”, que significa que o vinho procede de um único vinhedo; “Late Harvest”, elaborado com uvas de colheita tardia. A expressão “suave” significa que o vinho é doce; Demi-sec, meio doce. No caso dos espumantes, Charmat ou Champenoise referem-se a processos de elaboração. Safra não é item obrigatório, mas pode ser um indicativo de qualidade; Vintage é o termo para uma grande safra. Independente da beleza e grau de informação que um rótulo traga, o que importa é que o vinho seja bom e agradável; não beba apenas pela estética, valorize seu gosto pessoal, leia sobre o assunto, conheça produtores e a história das propriedades. Há muita cultura, trabalho e filosofia por trás de uma simples garrafa, acredite.


Fonte: Caderno de Gastronomia Zero Hora - junho/2008

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